Ando às vezes pelas ruas, pelas estradas, pelos rios e o que vejo são milhões de pessoas a estampa da tristeza de anos vivendo neste mundo, uns mendigando outros andando em bicicletas, meninos sem camisa correndo atrás de pipas ou atrás de carros para vender balas, crianças pequenas cheias de manchas chutando esgotos, às vezes me pego impaciente com um pobre coitado em uma fila de um caixa eletrônico, vejo o olhar desolador que sexagenários e jovens lançam sobre estas máquinas, imagino como incrível branco que habita a cabeça destas humildes pessoas um branco que é quase infinito. Lembro sempre uma vez no rio Amazonas estava eu em uma lancha de passageiros e ao passar por uma cabana que fica as margens do rio reparei algumas pessoas olhando para mim ou para o barco é impossível precisar, o que estariam a esperar? O que a vida podia lhe dar? Porque aquele olhar? Os olhares do branco profundo ao ver o barco foram transportados a um estágio sinestésico, sabiam no que pensavam, mas não porque pensava, a tormenta de pensamentos dos ribeirinhos se tornava branca, não podiam entender, tudo podia acabar e o ultimo pensamento não era nada alem de uma indagação, aquelas pessoas talvez nunca vão saber o que aquele barco estava fazendo para onde levavam estas pessoas? De onde elas vieram? O desejo do conhecimento é inato, mas a inquietação estava presa, o medo que trava o olhar distante penetrando na sua própria angustia quem dera eu ver somente este olhar dos simples ribeirinhos, todo dia em diversas pessoas sou bombardeado por estes olhares, eu nunca achei que a felicidade seria o presente do ignorante, não é felicidade que sentimos ao sermos ignorantes é simplesmente uma sensação de deslocamento e de exclusão, o nosso cérebro se esvaindo tomados por uma nuvem branca a expressão de impotência vem à tona e mostra que não somos felizes, mas ignorantes. Olhar, ver e reparar são maneiras distintas de usar o órgão da vista, toda vez que vejo estas pessoas não posso deixar de fazer as três coisas ao mesmo tempo e a dor que sinto é incrivelmente grande, será que um dia vão saber o porquê estão aqui? Que isto tudo é muito maior e muito menor do que imaginam? Um dia saberão quem são elas? E o que representam? Será que terão a chance de aproveitar a? Se libertarem das garras da religião e enxergar a vida na sua plenitude? Um dia sequer vão poder olhar o céu e contemplar a imensidão sabendo o que esta imensidão é? Bilhões de pessoas estão vivendo suas vidas sem saber nem o que estão fazendo aqui, é um desperdício de material humano quantos gênios não estamos perdendo para a “ignorância feliz”? Quantas mentes brilhantes não estão sendo bloqueadas pelas visões sem sentidos que bilhões tem sobre seres imaginários e crenças dos homens das cavernas? É a vez do humano se qualificar como o grande ser que habita este planeta, tomar suas responsabilidades isto aqui não é só uma passagem que liga dois mundos, isto é real, isto é o que existe, viver a vida com um branco esperando morrer para achar a verdadeira felicidade é a maior burrice que o humano pode ter, somos isto que somos e a viver a realidade e trazer o paraíso para a terra para o que existe, o resto deixamos para serem úteis como contos sobre povos antigos que sonhavam e tinham muito medo.
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