quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

A Pipa


O garoto acorda no seu primeiro dia de férias escolares, o incrível é que é no mesmo horário que ele acordava para ir para escola, mas hoje não estava reclamando por ter que acordar cedo, em pé mais rápido que o habitual saiu já de casa sem pensar em comida, ele tinha que ir até a venda mais próxima gastar o dinheiro que tinha economizado durante semanas para comprar linha numero 24 com 500 jardas da marca Corrente, chegando lá viu que o dinheiro só dava para comprar a numero 10, mais fina mais fraca, ele ainda tinha que ter o dinheiro para a cola mas não deixo se abater e comprou ela do mesmo jeito, saiu dali mais rápido que entrou. Chegou a casa foi para o quarto pegar papeis de pão, já usados, correu para a parte de trás da casa, onde tinha alguns pedaços de bambu já cortados, com agilidade incomum cortou o bambu em tiras uma grande uma com a metade do tamanho e outra um pouco menor que esta ultima, fez-se a montar pegou a vareta maior mediu quatro dedos e colocou a menor a partir dela mais um palmo estalado para baixo colocou a que tinha a metade do tamanho da maior, pegou o papel de pão passou pouca cola, o mínimo para manter o papel preso as varetas, pegou a linha e montou o cabresto na frente e o estirante na parte de trás deixando ela levemente arqueada, esta quase pronta sua pipa, faltava agora a rabiola, reservou 3 braçadas de linha e começou a produzir sua longa cauda, neste meio tempo a cola iria secar.
Pronto estava ela a coisa mais bonita que aquelas mãos pequenas podiam ter feito, agora faltava testar, chamou o irmão menor que estava ali olhando toda aquela bagunça para ir com ele para a rua, pediu para ele segurar na ponta e que ficasse parado, contou 10 passos soltando a linha e começou a correr, o dia estava claro, algumas nuvens, mas o sol estava presente, junto com o vento, que fez a pequena pipa marrom voar fácil e alegre, junto com milhares de outras pipas, mas ele não estava ali para ver a sua pipa voar ele estava em uma guerra com todas aquelas outras pipas, uma maiores uma menores, todas querendo ser donas do céu voar sozinha enquanto as outras estão caindo, e esta pipa existia, era uma com uma caveira no meio, a pipa de pirata, ela caminha pelo céu a procura de mais uma vitima, alguns garotos na rua olhavam para o céu a espera de qual pipa iria voar livre onde que pegasse primeiro era dono, quem conseguisse “cortar” a pipa de pirata seria o novo dono do espaço, sua pipa seria temida e você poderia ser um "rei" no local, então a pipa de pirata não ficava correndo atrás de outras, ela estava ali esperando um novo desafiante, e isto bastava, então munido de coragem e confiando em sua pipa de papel de pão, foi a caça e logo encontrou seu oponente, ele sabia que não tinha a menor chance, sua linha crua sem nenhum cerrol não iria resistir a nenhuma investida da pipa de pirata, então em sua primeira dibicada ele tomou cuidado para não chegar muito perto, era só para chamar ele para a luta, de primeira ele não caiu, mas mais uma dibicada e desta vez quase não deu tempo para sair a pipa de pirata com um golpe quase fulminante tentou resolver esta pendência ali de forma rápida e sem dor, mas ele foi rápido e tratou de fugir dela, ele tinha um plano e a pipa de pirata tinha de vir atrás dele, e ela vinha feroz com raiva insana ela tinha uma rabiola grande que dava para ele muita mobilidade, os meninos da rua já tinham percebido o embate, e estava esperando o desfecho, todos iriam correr para pegar a pipa perdedora, e se fosse a de pirata seria a glória de que a pegasse e eles torciam para que o embate fosse para o mais perto do campão possivel assim todos teriam chances iguais e não cairia na casa de ninguém, enquanto eles estavam ali ávidos quase babando para começar a correr, o menino viu a pipa de pirata se aproximando rápido já preparando para um ataque fulminante, ele parou de fugir e esperou o ataque, a pipa de pirata soltou um pouco de linha e com uma dibicada frontal iria acabar de vez com a pipa desafiadora, foi quando o menino percebendo o movimento soltou todo o carretel de linha dando a impressão que realmente foi cortada, uma dúzia de moleques já saíram a correr, mas com um golpe na linha a pipa de papel de pão voltou a vida e ela estava em plano mais alto agora, e correu em direção a pipa de pirata, fazendo com que sua rabiola pegasse no cabresto da pipa de pirata, era o único jeito de vencer ela, era pegando ela aonde não tinha cerrol, houve um principio de tumulto entre as duas pipas e nos moleques que estavam olhando, o menino pensava “será que vou conseguir”, mas a pipa de pirata não estava ali nos céus a tanto tempo por acaso, e com um puxão forte conseguiu que a linha com cerrol cortasse parte da rabiola da pipa do menino ela agora sem controle começada a rodopiar se enroscando de uma vez com a pipa de pirata, ele já sentia sua pipa sendo puxada, e ele puxou novamente como uma cabo de guerra no céu, a pipa de pirata soltou um pouco de linha e deu um puxão mais forte, ele segurou firme e ao mesmo tempo deu outro puxão, o silencio tomou conta da rua, os meninos que estavam ali esperando todos começaram a correr olhando para o céu, as duas pipas voando juntas caindo juntas, mas o menino não viu o desfecho ele já tinha largado a lata de óleo onde enrolou a sua linha e já estava correndo junto com os moleques sorrindo feliz era isto que ele queria tirar a pipa de pirata dos céus e ele conseguiu agora ele tinha que tentar recuperar a sua pequena pipa o seu troféu.

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